domingo, 22 de maio de 2011

Trapezista


"Cena 1: a pequena plataforma
sustenta meus pés.

Cena 2: expectativa. Grande distância
para alcançar o trapézio.
Mas alguém, em breve, do outro lado,
o lançará em minha direção.

Cena 3: Preparativos para o salto. Um passo à frente.
Vento leve. A coragem para o voo. Impulso.

Cena 4: Mergulho. Corpo no ar. Pés sem chão.
Minhas mãos se abrem à espera do encontro.

Cena 5: O trapézio não me é jogado.
Instante de angústia. Desequilíbrio na respiração.
Cambalhota desengonçada no espaço.
A elegância do salto espelhando
a deselegância do tombo.

Cena 6: Alguém, por motivos desconhecidos,
manteve o trapézio nas mãos.
Por amadorismo, esqueceu que existe
apenas um único momento-exato
para que tudo saia perfeito.
Por indelicadeza, não me deixou receber
um aplauso que era meu.
Por temer a altura, reteve consigo a salvação.

Cena 7: a rede ameniza a dor."
Jacinto Fabio Corrêa

São tantos os poemas do Jacinto que amo que já não sei mais se o Trapezista é o meu preferido, mas ele talvez seja o que ainda fale mais alto na minha história.

* Achei a foto aqui.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pela abolição da condicional

Existe uma expressão que eu adoraria que sumisse da nossa língua: a famigerada "e se...".
Se não é ou não foi, de que adianta conjecturar como seria?
Portanto, fica decretada aqui a abolição da condicional.
De agora em diante, por favor, só ocupe o meu tempo com aquilo que será!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Fora da rotina

"E me pergunto o que nos faz provocar mudanças numa vida rotineira e acomodada.
Deve haver um masoquismo hibernado que gosta de provocar a vida pacata.
Porque o tédio é bem amigo do vazio."

Marcelo Rubens Paiva

Perfeita a colocação de Marcelo Rubens Paiva no texto Rei Deposto, que ele escreveu em seu blog para falar da adoção de um novo gatinho. Eu, boa geminiana que sou, volta e meia tiro o meu masoquismo da hibernação para sacudir a rotina.

sábado, 7 de maio de 2011

Uma imagem vale mais...

Não é de hoje que os meus blogs andam abandonados. Em parte isso é culpa do trabalho, que me tira as forças e a paciência de ficar no computador quando chego em casa. Mas também é um sinal de que eu ando de mal com a palavra escrita. Talvez porque eu acredite que uma imagem vale mais do que mil palavras. Ou talvez porque o turbilhão de pensamentos que me invade diariamente simplesmente não queira se mostrar.

sexta-feira, 6 de maio de 2011