Para marcar esse dia, dedico a todos os meus amigos - aqueles de todos os dias, os que quase nunca vejo e os que ainda nem conheço pessoalmente, mas que me visitam aqui sempre - esse poema do meu amigo-poeta Jacinto Corrêa.
"Sobreviventes
Envelhecemos sem remorsos a cada dia.
Olho o que fomos e honro a nitidez das fotografias.
Reconheço os passos no mapa das considerações
e lembro onde os filhos foram entregues ao tempo.
Plena a verdade de que ficaram os cheiros
curtidos em vinhos que já não se fabricam
guardados nos potes de ouro maciço das lembranças.
Enfrento os velhos ventos do frio
ainda de mãos nos bolsos mas agora livres
a rescreverem letra por letra da história esculpida.
Não faltaram palavras de consolo ou fé
tudo foi dito ou abandonado na hora devida
e os degraus construídos sob as ordens do acaso.
Piso as folhas das árvores que conhecemos:
o barulho de vida pulsante me faz rir com prazer.
Provo a sabedoria de tanto saber o nada de todo dia
e a felicidade suprema de atingir a cor de não morrer.
Somos as chaves do que vinga e não pede vitrine
quer apenas descortinar a próxima curva.
O orgulho de não temer o realizado
O sabor de requentar a esperança
dons que soubemos viver sem prejudicar o andamento do mundo.
Sobreviventes de nossas próprias alegrias e limites
hoje comungamos o mérito da permanência.
Se existisse, o arrependimento daria lugar ao agradecimento."
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