
O post hoje não tem graça nenhuma. É um desabafo, a forma que encontrei de divulgar o despreparo (para  não dizer má vontade) de três representantes do Corpo de Bombeiros  (quartel da Gávea) que presenciei nesta quarta-feira. Ao chegar do trabalho, por volta das 20  horas, ouvi os miados de um gatinho que estava "refugiado" numa árvore  na praça interna da Selva de Pedra (entrada da rua Padre Achoteguy), no  Leblon. Parei para ver o que acontecia e soube, por uma moça que já  estava ali desde às 18h e que já tinha colocado ração em um pote para  atrai-lo, que o pobrezinho havia sido abandonado de manhã por um  infeliz que abriu a porta do carro e o colocou para fora (quem contou  isso para ela foi um dos seguranças do local). Ao ver cachorros na  praça, o gatinho correu para o alto das árvores e não soube mais como  sair de lá.
Essa moça já havia ligado para o 193, mas não obteve uma  ligação de retorno como prometido. Às 20h, uma outra moradora do local  acionou novamente o Corpo de Bombeiros e conseguiu a promessa de que uma  viatura seria enviada. Nesse meio tempo, eu vim em casa para pegar a  caixa de transporte dos meus gatos para ajudar no resgate, uma vez que a  essa altura o gatinho já tinha duas ofertas de casa.
Pois bem, os  bombeiros que chegaram ao local, infelizmente deram um show de  despreparo. Em primeiro lugar, não tinham equipamentos adequados para  realizar o resgate: a lanterna que usaram iluminava menos do que o meu  celular e a escada disponível não era longa o suficiente para alcançar o  animal. Além disso, demonstraram uma visível má vontade para realizar a  tarefa. Na primeira tentativa, se limitaram a aproximar do gatinho uma  caixa de transporte que trouxeram na viatura achando que ele entraria  ali por livre e espontânea vontade. Obviamente isso não aconteceu. Aí  resolveram subir com a minha caixa de transporte, que tinha um pote com  ração dentro, mas apenas conseguiram assustar ainda mais o animal, que  correu para um ponto mais alto da árvore. Foi o suficiente para que  desistissem do resgate. O argumento usado foi o de que não podiam  colocar sua segurança em risco, que, se o gato havia subido ali sozinho,  também desceria sozinho, e que quanto mais se aproximassem, mais o bicho  correria para um ponto mais alto. Depois dos nossos inúmeros pedidos  para que tentassem novamente, afirmaram que voltariam amanhã, porque à  noite não era possível fazer nada. Para piorar, ainda esqueceram um dos  instrumentos de trabalho (uma vara de madeira com um enforcador na  ponta) no local. Telefonamos novamente para o 193 para comunicar o  esquecimento e fomos informados que amanhã alguém retornaria ao local  para buscá-lo.
O resultado desse desastre é que o gatinho continua lá  no alto da árvore apavorado, sem comida ou água, passando frio e  correndo o risco de pegar mais chuva, enquanto um simpático casal de  idosos está ansioso por adotá-lo (a senhora disse que passaria a noite  na janela de vigília) e uma outra moça, mãe de um menininho de um ano,  também está na fila para oferecer a ele um lar.
Para mim, que sempre  achei que os bombeiros eram heróis, foi uma grande decepção. É claro que  não queria que ninguém colocasse a própria vida em risco e que vi que  faltavam equipamentos adequados para ajudar no resgate, mas esperava  pelo menos um pouco mais de preocupação e compaixão desses profissionais  que deveriam ser os guardiões da vida alheia, mesmo que a vida em  questão não se tratasse de um ser dito humano.
Deixei a caixa de  transporte dos meus gatos lá, na esperança de que o gatinho consiga ser  resgatado pelos seguranças do local, caso resolva descer para um galho mais acessível (espalhamos potes com ração nas árvores para atraí-lo).  Enquanto isso, torço para que a noite não seja muito fria e a chuva não  caia novamente. Quando isso tudo passar, o bichinho com certeza será acolhido com o carinho que merece. Já o infeliz que o abandonou, espero que quando precisar não encontre nem um galho molhado de árvore para se refugiar (ok, eu não sou uma boa cristã, capaz de perdoar uma maldade tão gratuita).
* A foto foi tirada no momento em que o bombeiro desistiu de resgatar o animal já com a caixa de transporte dos meus gatos (na segunda e última tentativa de fazê-lo).
** Desculpem pelo post mal escrito. O cansaço, a raiva, a tristeza e a decepção me impedem de raciocinar melhor neste momento (23h50 do dia 8/09/2010).