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terça-feira, 4 de maio de 2010

Victoria e a Chapeuzinho Vermelho



Este final de semana fui para Porto Alegre para matar a saudade da minha sobrinha. Levei na bagagem as personagens da história da Chapeuzinho Vermelho, desenvolvidas pela artista plástica Denise Brandt, da Desenho Bom.
Foi um sucesso total! Ao me ver destacando os bonecos de papel da cartela, Victoria, que está com 2 anos e 5 meses, imediatamente começou a identificar cada um e não largou mais o Lobo Mau, que, pelo visto, é o verdadeiro protagonista da história para ela.

domingo, 1 de novembro de 2009

Para o bem da ordem das coisas estabelecidas


"À Andréa Blois

Fico imaginando como seria um encontro entre a sua avó e a minha. Trocariam receitas e pontos de croché, como duas senhoras pacatas? Acho que não. Mais provável disputarem quem possuía o neto mais bonito ou quem tinha mais história para contar.

Fico imaginando o que essas duas velhinhas realmente aprontariam caso se conhecessem. Inventariam um novo tempero? um novo céu? um novo mar? um novo homem? Para o bem da ordem das coisas estabelecidas, acho bom Deus acordar mais cedo todos os dias e não perder vista, nos arredores de seus domínios, essas duas mulheres que fizeram do tempo um mero corredor entre a última porta e a primeira passagem.

Jacinto Fabio Corrêa
2 de outubro de 2009"


O poema acima foi escrito pelo meu irmão-amigo-confidente-poeta querido Jacinto Corrêa no dia do enterro da minha avó, um carinho sem igual que nunca será esquecido. Assim como eu, a ligação dele com sua avó foi fortíssima e fundamental em sua formação. Com certeza, as duas estão agora nos arredores do Céu dando trabalho para Deus, tentando fazer as coisas se arrumarem de seus jeitos, e, claro, ainda numa discussão sem fim sobre quem tem o neto mais bonito e inteligente.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Até o reencontro

A noite estava linda. Uma lua cheia veio iluminar os novos caminhos que ela irá trilhar de agora em diante. E assim, serena, minha avó se foi.
Eu queria ter ficado lá de mãos dadas com ela até a partida, mas tive medo de, na hora H, não deixá-la ir. Não seria justo impedi-la de começar essa nova jornada apenas para satisfazer um desejo egoísta meu depois de tantos já realizados. Agora é hora de seguir em frente até o dia do nosso reencontro.

domingo, 27 de setembro de 2009

Por mais 90 anos

Minha avó faz hoje 90 anos, mas já não sabe mais disso. Ela gostava de celebrar cada aniversário. Começava a fazer os planos da comemoração e a reservar seu lugar na agenda de todos com um mês de antecedência. Dizia que tinha que festejar porque não sabia se no ano seguinte ainda estaria aqui.
Ela ainda está aqui, mas os pensamentos agora passeiam por mundos desconhecidos para mim. Há mais de um mês, ela decidiu, sem nos consultar, dormir. Talvez por achar que já viu tudo o que tinha para ver por aqui, ou talvez por supor que ainda há muito mais para conhecer em lugares onde só os sonhos nos levam.
Por onde ela viaja agora em seu retiro de bela adormecida é um mistério, mas as transformações que ela vai operando em mim vão se revelando a cada momento dessa despedida silenciosa. É uma necessidade de mudar o curso de uma história que por inércia deixei ser traçada pela correnteza que foi me arrastando para caminhos muito distantes do que eu queria para mim.
Como eu vou fazer para vencer a correnteza ainda não sei, mas perder o medo de nadar já é um começo. Essa é a minha forma de agradecê-la por esses 90 anos de um amor que vai ser eterno.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Pela minha avó


Não sei o que é mais difícil: envelhecer ou ver quem se ama envelhecer e se tornar aos poucos uma criança. Há dois meses enfrento a triste realidade de ver minha avó em uma cama de hospital. Aquela mulher de temperamento forte, que ainda insiste em lutar para continuar viva, agora me parece um bebê que, por mais que eu tente, não consigo pegar no colo e acalmar da dor.
Observando meu pai nestes últimos 65 dias, percebi o quanto é difícil para um filho lidar com as fragilidades dos pais e ver essa relação de dependência se inverter. Tentando cuidar da minha avó, aprendi que a única coisa que se pode fazer nesse momento é dar todo o amor que se tem guardado no peito, sem questionamento ou impaciência.
Ela vai partir a qualquer momento, mesmo sem ela querer, mesmo sem meu pai aceitar, mesmo que eu ache que ainda é cedo. Isso não tem jeito. Mas a lição que fica é eterna.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Salve Jorge!

Hoje é dia de São Jorge, o santo guerreiro que sempre esteve muito próximo da minha família. Meu avô materno, o velho Blois, era devoto de São Jorge e, talvez não por acaso, seu filho mais velho, o único homem, nasceu num 23 de abril e herdou o nome do santo. Meu padrinho e de meu irmão também chamava-se Jorge e tinha adoração por seu "xará". Dizem que sou filha de Ogum e até minha avó, que sempre implicou com o "santo de macumba", como ela costumava dizer, apelou para o domador de dragão na hora em que se viu de cara com a morte.
Quando meu irmão ainda era bem pequeno, teve um problema no ouvido que provocava dores intensas. Depois de vários exames, veio o diagnóstico que apavorou minha mãe: ele precisaria ser submetido a uma delicada cirurgia, na qual poderia perder a audição. A notícia foi dada num dia 23 de abril. Quando voltávamos do consultório do médico para casa, o ônibus passou pela Av. Presidente Vargas e minha mãe viu a movimentação na igreja de São Jorge, perto do Campo de Santana. Dali mesmo fez uma oração e prometeu que, se meu irmão ficasse curado, todo ano celebraria o santo em seu dia. Coincidência ou milagre, a lesão desapareceu sem a necessidade de cirurgia e, cerca de 30 anos depois, Marcelo ouve melhor do que todos nós juntos. Ele hoje ostenta no peito uma medalha de seu santo protetor e guarda consigo o anel que era do vô Luiz e o cordão que pertenceu ao nosso padrinho.
É por isso que deixo aqui a minha saudação. Salve, Jorge!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Renovação da vida

Esse post é dedicado a dois amigos queridos, meus futuros compadres, que estão vivendo o momento mágico de descoberta da chegada de uma nova vida.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Quem já foi rei nunca perde a majestade

Para o meu irmão, fã do rei do rock; para o meu pai, que adora cantar essa música; para mim mesma, que também a amo. Elvis, em 1973, ainda magro e encantador.

I've lived a life that's full/I've traveled each and every highway/And more, much more than this/I did it my way... I planned each charted course/Each careful step along the byway/But more, much more than this/I did it my way.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Para matar a saudade

Se estivesse vivo, meu avô Armando (pai do meu pai) teria feito ontem 89 anos. Provavelmente, mesmo beirando os 90, ainda não aceitaria ser chamado de velho. Sua vaidade não permitiria. Assim como o meu outro avô, o Luiz (que faria 98 anos no próximo dia 2), ele era cheio de vida. Assim como o velho Blois, ele era falante, bem humorado e cheio de amigos. Sou neta de dois cancerianos muito queridos e amorosos, cada um a seu jeito.
O vô Armando era o que me levava para passear e que gostava de brincar, o que esteve mais perto enquanto eu era criança. Sempre que eu queria ir à praia, era para ele que eu pedia. E ele sempre me levava. Durante anos, ele foi a minha vítima: toda vez que eu tinha uma queda de pressão e desmaiava, coincidentemente, era ele quem estava por perto para me socorrer.
Me lembro dele implicando e fazendo careta para a minha avó para nos fazer rir; no Maracanã, com sua inseparável almofadinha com o escudo do Flamengo, vibrando com o Zico; ou em casa, aos domingos, com o radinho de pilha grudado no ouvido, enquanto o meu pai reclamava: "Desliga isso, Zé. Vai acabar dando azar" - Nunca entendi o porquê do meu pai o chamá-lo de Zé, já que ele não tinha José no nome. Era só Armando Ribeiro e ponto final.
Ele foi o meu ídolo de infância, mas eu só fui entender isso já adulta. E eu era a bonequinha dele. Quando ele morreu, cedo demais para que eu pudesse aceitar, passei um bom tempo, quando chegava na casa dele, esperando que ele viesse da cozinha me dar um beijo, dizendo: "oi, minha boneca" (anos depois, quando me chamaram de minha boneca de novo, aquilo me soou tão aconchegante que imediatemente me senti em casa , mas essa é outra estória). O vazio que ficou com a partida dele me fez um buraco no estômago, abrindo a minha primeira úlcera, aos 17 anos.
Curiosamente, só descobri de verdade o meu avô Luiz depois que o Armando se foi. Aos poucos, fui me familiarizando com aquele senhor que, mesmo aposentado, não parava em casa. Para não perder a pegada, ia todo dia ao centro da cidade. Encontrava com os antigos colegas de trabalho e colocava o papo em dia. Foi o jeito que ele encontrou para se manter ativo.
Perto de casa, era conhecido por todos: na padaria, no açougue, no barbeiro. Estava sempre pronto para conversar. Era o rei da rifa do bairro. Ganhava todas que comprava e depois me dava os prêmios de presente: televisão, relógio, rádio...
Viúvo há muito tempo, se cuidava sozinho e não queria nenhum dos filhos tomando conta dele. E ficou assim independente até enquanto pode. Tinha uma memória e uma sagacidade de pensamento que me causam inveja até hoje. Eu gostava de ouvir as suas estórias sobre política e futebol (ele também era flamenguista).
Me lembro de como ele tentou me fazer desistir de ser jornalista. Chefe de oficina de jornal a vida toda, não via com bons olhos a profissão. Me dizia que eu ia me matar de trabalhar e morrer de fome - Não morri de fome, vô. Embora tenha que ficar fazendo conta para fechar o mês, não posso reclamar da vida. Foi dele que herdei o sobrenome que não deixa ninguém esquecer de como me chamo.
De vez em quando, eles vêm me visitar nos sonhos. Já são quase 22 anos sem um e quase 15 sem o outro. E eles ainda fazem muita falta. Tomara que essa noite eles apareçam para a gente matar a saudade.